quarta-feira, 30 de julho de 2008

Capítulo 30

Capítulo 30

Pela manhã, antes mesmo de Agamenon ter acordado, Joaquim estava no hotel para buscá-lo, queria ir até a casa de Vicente. Na portaria, Fausto ainda com cara de sono começava a arrumar a portaria quando viu o cunhado entrar esbaforido.
- Bom dia Fausto!
- Bom dia! O que faz aqui tão cedo?
- Não viu na televisão?
- Estava ocupado e não vi TV ontem.
- O laboratório de Vicente pegou fogo!
- Ele...?
- Graças aos senhores da providencia, não se queimou nem nada. – Fazendo uma expressão de duvida, acrescentou sorrindo - Não foi dessa vez que aquele velho maluco virou churrasco, quase morre do coração.
- Deixe de brincadeira com uma coisa assim! – Disse Fausto com indignação.
- Ligue pro quarto de Agamenon, preciso dele com urgência!
Assim que o medico chegou, Joaquim o arrastou para a rua e partiu com o carro na direção da casa de Vicente. Agamenon quando saltou do carro, viu Vicente sentado numa cadeira de balanço na varanda da casa, estava envolto numa manta bebendo café numa caneca grande. Quando Joaquim se aproximou, Agamenon comentou.
- Parece que o mundo acabou pra ele!
Joaquim deu de ombros, segurou o médico pelo braço e o conduziu para encontrar o amigo que sorriu ao vê-los, levantando-se lentamente, depois de colocar a caneca sobre uma mesa ao lado. Ao abraçar Agamenon, ele chorou.
- Não sei..., está tudo acabado!
- O que é isso? – perguntou Joaquim com ar de duvida – Você tem o melhor computador do mundo, sua cabeça.
- Os riscos são grandes! – Disse Vicente olhando para o médico com ar de quem se desculpa.
- Tenho aquele rascunho que me deu pra conferir e acho que ele vai servir. – Joaquim retirou do bolso o papel que recebera de Vicente.
- Nem tudo estava ali! Não será dessa vez que provarei minha teoria.
- Antes de acreditar que o mundo acabou, vamos ver o que podemos fazer! – Exclamou Joaquim olhando com firmeza para o amigo.
- Sei que me resta pouco tempo. Estou velho! – Vicente falava com o olhar no chão – Não faço questão de gloria, apenas queria ver minha teoria comprovada, era a razão da minha vida.
- Então! Vamos tentar? – Disse Agamenon sem muita certeza do que estava falando.
- Agamenon, você pode..., nem sei! Se errar um ângulo, me enganar na distancia... Você pode chegar antes de ter sumido, vai ser uma confusão que nem consigo imaginar. Dois ocupando o mesmo lugar, ou... Não posso antecipar os resultados funestos, não os imagino de verdade, não os conheço.
Agamenon viu a face de Vicente preocupada, olhou para Joaquim em busca de socorro.
- Joaquim...!
- Vicente! Se ele está disposto a correr os riscos, vamos tentar! Pra você, a importância de tudo isso é a satisfação de dormir todos os dias sabendo que estava certo o tempo inteiro, pra mim é a curiosidade e pra Agamenon, a esperança de retomar sua vida normal.
- Acho melhor pensar um pouco, ter cautela! – Vicente falou com um tremor na voz que quase o engasgou.
Vendo que todos estavam se envolvendo com seu problema, cada um por seus motivos, Agamenon não podia deixar de ser agradecido por tudo que estavam fazendo, havia em seu coração o sentimento de divida, obrigação em continuar. Percebia que Vicente estava se entregando ao desanimo, abraçou Joaquim estendendo a mão para o Físico.
- Eu me arrisco! – disse o médico com firmeza, embora lembrasse ainda da conversa que tivera com Fausto sobre aquela experiência maluca.

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